sexta-feira, 1 de maio de 2009

Referências de sorrisos largos

DE BAR EM BAR - Chico & Alaíde


Alguns dias atrás, fui conhecer o Bar Chico & Alaíde, a nova sensação do Leblon. Tive a ilusão de que chegando naquele meu horário, no fim de tarde, seria tranquilo pegar uma mesa e observar tudo em volta. Que nada. O bar já estava bombando. Encontro logo o Chico, atrás do balcão, comandando a serpentina de chope. Como se sabe, o Chico foi garçom do Bracarense por mais de uma década. Lá, era aquele tipo simpático que atrai frequentadores para a casa, é citado nos jornais e fica famoso. Daí vira referência (com a Alaíde deu-se a mesma coisa).

Chico me recebe com seu sorriso largo. Depois ele me apresenta a Alaíde, que vem da cozinha toda paramentada. Deliciei-me durante muitos anos com os bolinhos de aipim com camarão, a carne-seca com farofa e o caldinho de feijão feitos pela Alaíde no Braca, mas nunca a tinha visto. Ela tem presença, é calma, elegante. A dupla realmente está bem formada.

Enquanto não consigo mesa, fico bebendo um primeiro chope em pé na pequena parte interna em frente ao balcão. Ali faz muito calor, mas já posso ir esquadrinhando o bar. Sem esforço localizo logo pessoas conhecidas: a Luciana, amiga do meu parceiro Roberto Frejat, o compositor Fernando Brant (com seus óculos característicos, um Ray-Ban com lente de grau) e até o Cambraia Neto, personagem de uma coluna anterior. Vejam vocês.

É interessante notar que o Chico & Alaíde possui uma semelhança estrutural com o Jobi – não por acaso, o projeto arquitetônico foi feito pelo mesmo Chicô Gouveia. Confesso que não me incomodou o fato, pelo contrário, há um lado aconchegante neste formato de bar. Mas principalmente porque a decoração é outra, a iluminação e – apesar do pouco tempo – o clima também. Essa é que é a graça dos bares do Leblon. Cada um (dos que valem a pena e não são poucos) tem a sua onda específica. Consigo, enfim, uma mesa de canto e me aboleto com o cotovelo no cercado do bar.

- Era um eterno encaixe. Mas tudo bem. Meses depois, Deus chegou pra mim e disse: “Vai!...” e me liberou de ficar sofrendo daquele jeito.

- Ah, eu não! Tem horas em que eu fico descontrolada! Eu preciso muito daquilo, entendeu? Mas passa rápido.

As duas amigas, trinta e poucos anos, não tão belas, estão animadíssimas. Falam alto, riem, o álcool já bateu. Estão se divertindo muito. Aproveito o garçom por perto e peço mais um chope e a novidade da casa: o totivendo de camarão, uma espécie de escondidinho mais explícito, digamos assim. É sensacional, saboroso, consistente. Olho para o lado e observo um casal de velhos traçando um prato cinematográfico. Pergunto ao mesmo garçom do que se trata: é a fritada de camarão. No embalo, pedi três acepipes que ainda não estavam, infelizmente, em fase de produção: o croquete de palmito, a trouxinha de salmão e o caldinho de frutos do mar. Contento-me com a maravilha de camarão. Maravilhosa. Ouvi dizer que aqui é o Braca do B. Bobagem. Não é preciso ser vidente para prever que o Chico & Alaíde terá sucesso a longo prazo. Não se esgotará na novidade. Saúde e até a próxima.


Chico & Alaíde – Rua Dias Ferreira 179, Leblon (2512-0028)