Segue o texto da escritora Andréa Del Fuego (Prêmio José Saramago 2011) sobre o livro:
Argos Micael se desabrocha na cara do leitor,
com aquela entrega possível porque um personagem não se sabe lido, e porque é
escrito por mãos seguras. Esse percurso nos é entregue em prosa fluida,
percorremos uma trança feita de afetos e desafetos, ornando as costas de uma
trama urbana, mas poderia ser em qualquer outro lugar onde haja alteridade e
amadurecimento. Argos Micael coloca para si a tarefa de fazer-se, consciente da
própria plasticidade, da matéria ainda moldável da juventude. Mas o embate com
o mundo é inalienável, “Argos Micael só temia ter vontade de ser aceito”. É
justamente nesse combate interno que assistimos ao desejo seminal do homem, o
de sua emancipação.