sexta-feira, 11 de junho de 2010

Futebol e louras (geladas ou não)

DE BAR EM BAR - Gracioso


Começa, enfim, amigo leitor, a Copa do Mundo. E, como todos sabem, futebol e botequim têm uma relação de profunda intimidade. Mesmo sem Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso e Neymar, para sorte de argentinos e que tais, hei de torcer, torcer, torcer pela nossa seleção. Além disso, continua a todo vapor a 3. edição do Festival Comida di Buteco. É, portanto, um período bastante propício para frequentar os bares cariocas.

Aproveitei a oportunidade e fui esta semana visitar um dos concorrentes do Festival: O Gracioso, numa esquina bastante tranquila da rua Sacadura Cabral, ali na Saúde há mais de 50 anos. É daqueles bares tradicionais, com alma e azulejos brancos na parede. Cheguei por volta das oito da noite e o movimento na casa era bom.

Sem maiores delongas, fui direto ao assunto. Pedi uma cerveja Bohemia e o petisco que participa do referido concurso: o “Jabazinho”, bolinho de massa de abóbora recheado com carne seca e empanado com flocos de arroz, acompanhado de molho de mostarda preta, mostarda amarela e pasta de gorgonzola. Se deu água na boca só de ler a descrição, o que posso dizer a você, é que este jabá, saboroso e crocante, eu aprovei. (Palavra de letrista...)

Outros tira-gostos do cardápio (cuja primeira página elegantemente ostenta um poema sobre a amizade): croquete, risoles de frango e camarão, bolinho de bacalhau, salaminho, queijo coalho e linguiça calabresa. Quanto às refeições, pode-se degustar pratos que o povo gosta, como a feijoada, carne assada com arroz e brócolis, viradinho à paulista, bisteca à campanha, iscas de fígado aceboladas, fritada de camarão e posta de peixe à brasileira. Não é à toa que o lugar é bastante procurado para o almoço.

Peço outra cerveja e uma porção de linguiça calabresa. Tudo certo, mais uma bola dentro. Dou uma olhada nas pessoas em volta e chama a minha atenção uma dupla de amigas. Só consigo ver de frente a loura baixinha e de boina verde, pois sua amiga morena dos cabelos encaracolados está de costas para mim. É a loura que fala:

– Amiga, eu passei por uma situação na semana passada!

– Me conta...

– Fui convocada para depor num processo trabalhista como testemunha da empresa.

– Qual o problema?

– É que foi contra uma colega demitida.

– Que chato.

– Chato não, horrível!

– Como você fez?

– Olha, passei a noite sem dormir!

A essa altura, só tinha ouvidos para a loura baixinha. Cheguei a me angustiar com o seu problema. Mas, como um autêntico torcedor, até respirei aliviado quando ela contou que na hora agá foi dispensada pelo advogado. Foi quase como torcer para aquela bola perigosa do adversário, rondando a pequena área, ir longe do nosso gol. Ufa! Viva a lourinha do Gracioso. E o Brasil-il-il-il! – apesar de toda a teimosia do Dunga.

PS: A partir de hoje, deixo o Jornal do Brasil e a crônica De Bar em Bar passará a ser publicada exclusivamente neste blog, sempre alternada com outros textos. Saúde e até a próxima.

Gracioso – Rua Sacadura Cabral, 97, Saúde (2263-5028)