sexta-feira, 19 de junho de 2009

Costela dispensa garfo e faca

DE BAR EM BAR - Cachambeer


Fui dia desses ao Cachambi conhecer o bar que possui “a maior variedade e os melhores petiscos da região”, segundo apregoa o colorido cartãozinho de apresentação do Cachambeer – e que eu não sei exatamente como veio parar em minhas mãos. Bom, fui lá para conferir. Confesso que não conheço bem o bairro, então não posso falar comparativamente com os outros bares da área. Mas que o Cachembeer é isso tudo, é.

Picanha na macaxeira, Palmito in natura com camarão e catupiry, Joelhão do Cachambeer, Infarto completo (coração, linguiça, torresmo, carne-seca, carne-de-sol, aipim frito, cebola, salsinha e manteiga de garrafa) e a famosa Costela no bafo são algumas das estrelas da casa, que vende substanciais 180 kg de carne por semana. Outras são o próprio cozinheiro do bar, o Pança, e o dono, o figuraça Marcelo Novaes (não é o ator, que é com dois “Ls”; é o Marcelo Novaes do Cachambeer mesmo, já devidamente entrevistado pela nossa Domingo).

Cheguei por volta das 21:30 de quinta-feira e o lugar estava bombando. De cara, vê-se que não é um bar qualquer. O Cachambeer tem DNA. As paredes são azulejadas em amarelo e vermelho. Nelas, há pôsteres ultracoloridos de alguns pratos da casa. Perto do balcão, há um pequeno altar para São Jorge, protegendo-nos a todos. Na TV passa um DVD com show do Zeca Pagodinho. O clima é o melhor possível. Casais namorando, turmas de amigos, felicidade no ar. “Cai dentro, mermão, cai dentro que é dinossauro. E vai no susto! Se for no susto o osso cai para um lado do prato e a carne para o outro”, ensina o simpático e carioca até a medula Marcelo Novaes. E, por incrível que pareça, não é exagero.

A costela no bafo do Cachambeer é realmente sensacional. Trata-se de uma costela adormecida por 12 horas em banho de ervas, assada por cinco horas em churrasqueira. Vem servida na chapa, acompanhada com farofa e molho a campanha, aipim frito na manteiga ou arroz e batata frita. Como diz o outro, é para comer rezando. A rigor, para se cortar não é preciso nem faca, e a carne ainda desmancha na boca, causando um prazer difícil de ser esquecido. Por falar nisso, já ia cometendo uma injustiça. De entrada, comi um bolinho de carne seca, que embora não tão perfeito como a costela no bafo, também vale a pedida.

Um capítulo à parte na história do Cachembeer, esse bar que obviamente fica aberto até o último bebum, é o seu cardápio. O que é o cardápio do Cacheember? Vou tentar descrevê-lo, caro leitor. Antes, um pequeno comentário: poderia perfeitamente estar numa exposição de arte kitsch contemporânea. O cardápio, com ilustrações multicoloridas em alto relevo que praticamente saltam do papel, é um achado. São duas páginas, em frente e verso, de muitos sabores e informações visuais para comunicador nenhum botar defeito. Ao me despedir de Marcelo Novaes, fico sabendo que ele tem uma filha – sua paixão – que é “uma princesinha de 12 anos”. Comento que tenho um filho adolescente. Ao que ele retruca: “Então ele é um inimigo em potencial!” Grande Marcelo. Saúde e até a próxima.


Cachambeer – Rua Cachambi, 475-A, Cachambi (2501-8465)