sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Blues e amendoim às segundas

DE BAR EM BAR - Bar do B


Fui numa segunda-feira dessas ao Mercadinho São José, ali no começo de Laranjeiras. Às segundas os bares do lugar não costumam abrir, a não ser o botequim que toca blues. Fui lá dar uma checada, por sugestão do meu primo Sérgio. Estou falando do Bar do B. Convidei para ir comigo o baixista do Barão Vermelho e grande amigo Rodrigo Santos.

Ao chegar, sou recebido por Bebel e Bernard – e logo fico em dúvida quem é o “B” do nome da casa. Cheguei cedo, por volta de 19:30, e o show só começaria quase uma hora depois. Enquanto os músicos ainda dão uma passada no som, tomo uma cerveja Skol long neck (a única à disposição). Como explicarei o diminuto espaço, caro leitor? Bernard, o dono, me conta com grande orgulho que se trata da “menor casa de shows do planeta.” Bar lotado seriam não mais do que 30 pessoas. Ao lado de um minibalcão, encostados na parede azul, tocam os músicos. No lado oposto fica o público, entre mesas e cadeiras coladas na banda e cadeiras altas e mesinhas redondas encostadas na outra parede. Escolho este último local.

Chega então o Rodrigo Santos, animado como sempre, eletricamente concentrado na batalha de sua carreira solo. Acabou de lançar seu segundo CD, Diário do homem invisível. Como se sabe, o Barão Vermelho está de férias por tempo indeterminado, portanto todos da banda têm de se virar. E ele está conseguindo isso de forma muito bonita. Rodrigo Santos era aquele companheiro (quase) perfeito para uma esbórnia: para ele a noite nunca tinha fim (o que depois virava um problema). Até que num estalo parou com tudo. Nem mesmo um chope. Desde então, e já se vão quatro anos, Rodrigo tornou-se um artista mais completo. Neste seu novo trabalho, há muitas músicas próprias e também algumas parcerias com Leoni, Humberto Barros, Dado Villa-Lobos e ainda este colunista (na faixa Longe perto de você, com Fernando Magalhães). Entre as participações especiais, Ney Matogrosso, Cidade Negra e Autoramas.

Músico fominha que é, fico a matutar quanto tempo Rodrigo Santos levaria para combinar uma canja com o pessoal da banda. Não mais do que cinco minutos. Músicos que se conhecem, camaradagem estabelecida, escolhem a stoneana Jumpin´Jack Flash. Peço mais uma cerveja e pergunto a Bebel o que tem para comer. Como não há espaço para preparar alimentos, às segundas o bar só oferece amendoins ou sanduíche natural. Nos outros dias, os clientes pedem comida dos bares ao redor.

Eis que surge meu primo Sérgio. Não o encontrava fazia uns dez anos, quando nos esbarramos recentemente num desses bares da vida (e da coluna). Ele me conta que aqui acontece essa noite do blues desde novembro e que se formou um público fiel. Também pudera. Os músicos Claudio Bedran, baixo, e Pedro Strasser, bateria (a cozinha do Blues Etílicos) mais Maurício Saad, vocais e guitarra, são excelentes e tudo é tocado baixinho, meio cool – mas sem perder a intensidade. Certamente, agradaria platéias de qualquer lugar. O Bar do B, que apresenta outras atrações ao longo da semana, bem poderia ser B de Blues. Saúde e até a próxima.

Bar do B – Rua das Laranjeiras, 90, Laranjeiras