sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cachacinha, rock e blues

DE BAR EM BAR - OsBar



Primeiro foi meu consultor para bares no Centro e arredores, Marcus André, o vulgo Dudu. Depois foi o amigo ecologista (e emérito contador de casos) Ivan Sá Earp Silva. Bem, ambos me indicaram o lugar. Dudu me falou de um boteco perto de seu trabalho que serve pratos do dia como frango ensopado, dobradinha e rabada excelentes, ao som de rock e blues. O dono e cozinheiro, “um velho hippie de bandana” também atende no balcão. Sempre cheio para almoço, com engravatados ouvindo Janis Joplin; de noitinha, bar com cerveja Serra Malte e tudo. Eu queria ver isso. Até que fui esses dias com ele ao OsBar. OsBar porque é o bar do gaúcho Osmar, uma figura – parece de fato saído de algum filme, Easy Rider talvez (como que Osmar fosse o companheiro de viagem de Peter Fonda).

Mesmo com o tal trocadilho ou quem sabe também por causa dele (aliás, referendado numa pesquisa entre os frequentadores), OsBar é sensacional. Diria até que depois de 15 minutos rola a certeza de que o nome está perfeito. Pequeno, acolhedor, bem cuidado. O bar se limita a um grande balcão verde e banquinhos ao seu redor de um lado. Do outro, o Osmar e alguns poucos funcionários. No fundo, a cozinha. Nas prateleiras, uísque e cachaça de qualidade. Cachaças como Germana, Bento Velho, Providência, Salinas, Lua Cheia. Entre as cervejas, a ótima (e ainda difícil de ser encontrada) Serra Malte, Brahma Extra, Original. Nas caixas de som, um rock & blues realmente de primeira. E o melhor: nada óbvio. Tomamos cerveja e vibramos com o som. E já não estávamos sozinhos. Cinco e pouco da tarde, muito em pouco tempo o bar iria encher.

Como nas últimas semanas não se falou em outra coisa na cidade, dois amigos botafoguenses conversam sobre o futebol. “Aquele lance no primeiro jogo da final contra o Flamengo em que os nossos dois melhores jogadores, Reinaldo e Maicosuel, se machucaram na mesma jogada e, mais, sem nenhuma falta, aquilo ali acabou com a gente. Pareceu até coisa do Sobrenatural de Almeida.” O outro, naturalmente, concorda. Depois de alguns comentários – que endosso por completo – sobre a falta que Nelson Rodrigues faz para o futebol, para a literatura, e para a consciência crítica do brasileiro, os amigos se dedicam, ainda no tema futebol, a uma deliciosa e inútil questão: teria Ronaldo Fenômeno lugar na seleção de 70? (A meu ver, claro. Mas talvez no banco. Quem ia sair: o Tostão?).

Sabe-se perfeitamente que tais questões filosóficas e insolúveis dão fome. Peço um sanduíche de carne assada e tenho a confirmação de por que o bar está muito bem na foto. Não satisfeito, observo nas prateleiras vidros com belos palmitos, amazônicos, abundantes. Pergunto ao Osbar, perdão, ao Osmar se são para comer como aperitivo. “Pode ser também. É pra já.” Eu e meu consultor passamos então para a cachacinha. Sem dúvida, o OsBar é um botequim com a alma leve. Seu dono, que já abriu filial, também no Centro, imprimiu sua personalidade e aí está o resultado. Voltarei em breve para provar da refeição. Saúde e até a próxima.


OsBar – Rua Senador Dantas, 75-D, Centro (2220-5910)

4 comentários:

  1. Pode ir sem medo, costumava almoçar lá dia sim dia não. Trabalhava ao lado. OsBar é perfeito. E parabéns pelo post.
    Abração!
    Ps. Posso linkar este post no meu profile?

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  2. Valeu, José, obrigado!

    Ainda não pude ir almoçar lá, mas essa não vou perder.

    Pode linkar o post sim, fique à vontade.

    grande abraço,
    Mauro

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  3. Num belo dia de sol, fui animada com uma amiga para um restaurante interessante encontrado no centro da cidade por volta do meio dia. Chegando lá, havia uma fila para aqueles que gostariam de estar sentados no interior. Vimos duas mesas desocupadas no lado de fora e pedimos autorização para sentar, o que logo foi permitido. Pedimos uma cerveja para conversarmos antes um pouco. Pedimos o cardápio para uma entrada antes do almoço. O gerente, muito pouco simpático, nos informou que não servia qq aperitivo antes do almoço. Somente após as 15hs. Tudo bem, bebemos sem nada para comer. A garçonete impaciente, a todo momento levantava a garrafa para saber se ja havia acabado, mesmo tendo sido informada que após a cerveja, almoçaríamos. Pedimos o almoço. Feijoada. Minha amiga, de dieta, resolveu dividir uma feijoada comigo e se fosse do nosso interesse, pediríamos outra. O gerente, muito antipático e grosseiramente nos fala que só serviria duas feijoadas ou nenhuma! Tentamos argumentar e ele acrescentou que tínhamos demorado muito na mesa para pedirmos apenas uma feijoada. Constrangedor, lamentável tamanha ganância, vi o desconhecimento do dono ou gerente do bar sobre atendimento e sobre o valor que um cliente deve ter.
    O nome do bar chama-se OSBAR, na Av. Calógeras, no Centro do Rio.
    Reclamei e afirmei que a forma dele selecionar seus cliente é bruta, descordial e absurda.
    Fico abismada por haver nos dias de hoje, pontos comerciais, chamados de BAR, onde tomar uma cerveja é uma afronta à casa e sentar à sua mesa para conversar (independente do horário) se torne motivo de maltrato e humilhação.
    Gostaria de avisar a todos os que têm interesse em conhecer esse bar e a todos aqueles que o frequentam, que cobrem deste gerente um pouco mais de atenção e respeito por aqueles que desejam ter momentos de lazer no seu estabelecimento.

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  4. Estive recentemente lá acompanhando um amigo que ia almoçar e também houve um comportamento nada simpático por parte da casa (pressionando para que eu também pedisse algo para comer). Lamentável. Não serve de consolo, mas fica a impressão de que no outro Osbar, o desta crônica, na Senador Dantas, o atendimento é bem melhor.

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