sexta-feira, 18 de setembro de 2009

De volta ao pé-limpo original

DE BAR EM BAR - Belmonte

Fui outro dia ao Belmonte Flamengo, o original de série, com o amigo Luciano Cian. (Já há quem diga, caro leitor, que tenho um milhão de amigos. Nem tanto.) Bem, Luciano é multimídia. Ele é artista plástico, webdesigner, diretor de videoclipes e também um dos diretores do programa Fora de casa, que estreou recentemente no GNT. Ficamos de nos encontrar lá.

De longe, vejo que está cheio. Consigo pegar uma última mesa vazia, no fim do pequeno salão, à esquerda de quem entra. Há um grande movimento de pessoas, a maioria engravatada, tanto na parte interna, nas mesas, quanto em pé do lado de fora, tomando um chope depois do trabalho, às 19:30 de uma terça-feira. Peço o meu também e dou uma esquadrinhada no bar.

Parede verde-limão, quadros do Rio antigo, alguns pôsteres de cerveja, garrafas nas prateleiras, um balcão onde se pode beber ali encostado. Apesar da estética comum às filiais da rede, a matriz, menor e mais aconchegante, tem a verdadeira cara (e a alma) do Belmonte. Quando este bar foi comprado por Antonio Rodrigues, rapidamente se transformou numa febre. Isto aconteceu cinquenta anos depois da sua inauguração em 1952. Antes era um pé-sujo tradicional do bairro e depois virou aquele que é o protótipo do botequim pé-limpo.

Eis que aparece o Luciano Cian. Acaba de voltar de uma temporada de três meses viajando a trabalho pelo mundo todo. Sim, eu disse pelo mundo todo – ou quase. Para gravar os episódios do programa Fora de casa, Luciano foi a Nova Iorque, Cidade do México, Montreal, Paris, Barcelona, Johanesburgo, Windhoek, Nairóbi, Berlim, Estocolmo, Gotemburgo, Londres, Capadócia, Veneza, Cote D’Azur e Santiago. Só não foi a Moscou porque não tinha o visto. Como se não bastasse, só para nos humilhar, a mim e a você, amigo leitor, ele ainda tirou três dias de férias em Olimpus, na Turquia, com direito a volta a Paris.

- Paris é um Baixo Gávea. É lindo, mas é um zero a zero danado!

Enquanto me conta as suas impressões (“Barcelona é adolescente”; “Na cidade do México, todos usavam máscara”; “Em Nova Iorque, vi duas meninas de 12 anos sozinhas no metrô às quatro da manhã, segurança total”), pedimos pastéis de camarão e em seguida a casquinha de siri. Vieram ótimos. O único senão vem dos garçons. São muito ávidos em servir logo o próximo chope, antes mesmo que o anterior tenha acabado. Depois de umas três ou quatro vezes, com o copo ainda com três dedos, chamei o garçom jovem e moreno, mas ele, pressentindo uma bronca, escapuliu. Não tive dúvida: fui ao gerente. Tudo esclarecido, o tal garçom não mais nos serviu e o respeito ao final do chope foi observado.

Pedimos, então, uma porção de pernil acebolado com farofa. Veio excelente e bem servido. Penso no poder de uma ideia. Pois foi exatamente uma boa sacação (entrevistar brasileiras que moram pelo mundo) o que permitiu ao meu amigo Luciano Cian fazer a viagem de uma vida toda. E também com uma boa ideia, este bar matriz foi um dos que inaugurou o formato de botequim pé-limpo no Rio de Janeiro. Saúde e até a próxima.

Bar Belmonte – Praia do Flamengo, 300-D, Flamengo (2552-3349)

Um comentário:

  1. Valeu Mauro!
    Agora só falta o chope com as meninas (nossas duas) para botarmos todos os pingos nos "is".
    Abs!

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