sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mureta, aqui me tens de regresso

DE BAR EM BAR - Bar Urca

Depois de um hiato de algumas semanas (e durante o qual, mesmo com toda a minha hipocondria, enfrentei uma estranha e potente gripe), volto, enfim, ao bar doce bar. Nada melhor para comemorar a recuperação da saúde do que um sábado de sol, uma vista deslumbrante e... uma cervejinha gelada com uns tira-gostos. Pois foi o que fiz, indo ao famoso Bar Urca.

Minha preocupação inicial era chegar lá e a mureta que separa a calçada do mar estar completamente lotada. Isto porque a “extensão” do bar, a mureta, dá de cara para o cenário cinematográfico da Baía de Guanabara e, mais ao longe, do Cristo Redentor. Então ir ao Bar Urca num fim de semana ensolarado é um programa legal, tipicamente carioca, e, por isso, inevitavelmente sujeito a uma superlotação à la Baixo Gávea. Mas dei sorte e consegui cavar meu espaço bem em frente ao estabelecimento, perto da laje onde meninos, numa algazarra total, mergulham na água como se não houvesse amanhã.

Peço logo uma cerveja Original e um pastel de camarão para abrir os trabalhos. Devo esclarecer que, se a grande cartada do bar é estar localizado num local paradisíaco e bastante seguro (pois fica colado no Forte São João), este não é seu único trunfo. Muito pelo contrário. A cozinha do Bar Urca é reconhecidamente de qualidade. Na loja, que fica no térreo, pode-se degustar acepipes fresquinhos como o pastel, a empadinha, bolinho de bacalhau, gurjão de peixe, casquinha e caldinho de frutos do mar. E, no segundo andar, há o restaurante com pratos como bobó de camarão e polvo com arroz de brocólis que fazem a felicidade do mais empedernido mortal.

O clima é de relaxamento até a chegada da polícia, que dá uma passada para dar um confere no cumprimento das posturas municipais. Até aí tudo certo. O problema é que uma certa teatralidade na execução do dever irrita os pacatos cidadãos curtindo o seu sábado à tarde. Ouve-se, à surdina, aqui e acolá: “Em vez de pegar bandido, estão aqui, cheios de marra!” “Cadê o alcaguete?” Bem, os policiais se retiram e peço meu passaporte para o êxtase gustativo: o caldinho de frutos do mar. Como que em transe, sou atiçado pela propaganda gratuita de uma bela menina que ao meu lado no balcão recomenda o quibe de peixe (“É ótimo. Quase ganhou um prêmio.”). Ainda bem que não resisti.

Eis que aparece o artista plástico Raul Mourão com o amigo Piu. Morador da área, Raul já foi mencionado numa das colunas, em Santa Teresa, como um “ilustre ausente”, e não sei por que ainda acho que ele mora lá. Falamos sobre seu atual bairro e também sobre Os Paralamas do Sucesso. Raul, que fez a capa do último CD da banda, é, como eu, um grande fã do trabalho de Herbert Vianna, Bi e Barone. Pergunto-lhe se já viu o filme sobre Herbert e ele diz que sim, e que é, de fato, comovente. Não tenho dúvida disso. Como também comove, amigo leitor, uma transcendente tarde de sol no Bar Urca.

PS: Agradeço aos que deram pela falta da coluna e informo a todos que agora ela será quinzenal. Continuará, claro, sendo um grande prazer. Saúde e até a próxima.

Bar Urca – Rua Cândido Gaffrée, 205, Urca (2295-8744)

Um comentário:

  1. Olá Mauro,
    fiquei muito triste pela mudança da frequência da sua coluna. Era uma alegria garantida para as minhas sextas feiras. Fui ao Cachambeer por sua causa e não me arrependi. Gosto da sua forma amorosa de falar sobre os seus amigos e dos elogios nada desinteressados que você faz as eventuais mulheres que encontra pelo caminho. Você tem boa vontade com os bares que visita. Me lembro daquele onde só o cão prestava e do jazz no Mercadinho São José que só tinha amendoim.
    É uma pena que nossos encontros se tornem mais raros a partir de agora.
    Um beijo.

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