DE BAR EM BAR - Da Graça
Saio da reunião na editora da gravadora feliz da vida com um cheque. Um precioso cheque – ainda mais em tempos irreversíveis de downloads gratuitos e pirataria implacável – relativo aos meus direitos autorais. E pelo qual rezei fervorosamente para Santa Cecília, a santa do meu sobrenome e padroeira dos músicos, assim como para Santo Expedito, o santo dos desesperados. Vim comemorar a graça obtida justamente no bar... Da Graça. E posso dizer, amigo leitor, que não foi em vão.
De cara sou arrebatado pela beleza do lugar. A casa é cheia de mimos, artesanatos, bricabraques e penduricalhos do maior bom gosto. É chique e é simples tudo ao mesmo tempo. Como fica numa esquina, há mesinhas na calçada tanto para a rua Pacheco Leão quanto para a Abreu Fialho. A fachada é em branco e verde, em total harmonia com o Jardim Botânico, em frente, a poucos metros de onde estou agora sentado. No salão com janelas amplas e ambiente acolhedor, há delicados duendes aqui e ali pelas paredes e pequenas esculturas de pombas brancas pendentes do teto. Mas o grande destaque da área interna é o expressivo painel, acima da janela da cozinha, com pôsteres e imagens dos mais variados santos.
Uma das donas, a Lourdes Brandão, que já estava sentada na varanda numa mesa próxima à minha, e volta e meia se levanta para checar algum detalhe do lançamento de um livro que acontecerá mais tarde, me conta que já houve oportunidade (e pedidos) para abrir filiais em outros cantos, mas que o barato é aquele lugar ali. Com efeito, a todo instante ela cumprimenta alguém que passa. E não é só isso: para uma decoração criativa existe um cardápio à altura. Senão, vejamos. Para começar, peço uma Cidade Imperial long neck, cerveja não tão fácil de ser encontrada. Para beliscar, uma trouxinha de shimeji com molho de manteiga e limão.
Quer ver mais exemplos da cozinha criativa do Da Graça? Crepe de folha de arroz, linguiça com molho picante de menta, rolé de tapioca, kafta de cordeiro, quibe cru de salmão. E tem também pratos como: cabrito a capela (com arroz de ervas e farofa de cream-cracker), bobó de camarão na moranga, moqueca de cavaquinha, rocambole de cordeiro e bacalhau com grão de bico. Para beber, além das boas cervejas Bohemia, Cerpa, Cidade Imperial, Colorado e Devassa, há os drinques mojito, blood mary, margarita e sex on the beach. Peço, em seguida, um quibe cru de salmão e uma Devassa ruiva. U-la-lá.
O shimeji veio excelente. Já o quibe de salmão, no qual depositei minhas fichas, não me encantou tanto. Mas não faz mal. Gosto da ousadia. Dela e do improviso surgem criações inesquecíveis. Peço a conta e uma Bohemia. A noite cai e os convidados para o lançamento do livro de Paloma Vidal começam a chegar. Converso mais um pouco com a anfitriã Lourdes. Quando dou por mim estou tomando uma saideira, a ótima Colorado, com os poetas Masé Lemos, Evando Nascimento, Ramon Mello e Italo Moriconi. Saí sem me despedir da Lourdes, mas acho que ela vai entender. Se Deus está nos detalhes, o Da Graça é o lugar. Saúde e até a próxima.
Da Graça – Rua Pacheco Leão, 780, Horto (2249-5484)
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
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