sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Garçom, uma 'champanhota'

DE BAR EM BAR - Boteco da Garrafa


Nesta primeira coluna do ano resolvi fazer completamente diferente. (Calma, amigo leitor: não deixei de ir ao botequim, nem, muito menos, saí nu por aí.) Ao invés dos sempiternos chope e cerveja, que fielmente me acompanham, fui dessa vez de champanhota – como diria o velho cronista social. Para brindar ao novo e, quem sabe, a dias melhores.

Para isso, fui com S. ao Boteco da Garrafa, em Copa, naquela confluência de bares nas esquinas de Domingos Ferreira com Bolívar e desta com Aires Saldanha. Não seria o lugar ideal para beber um espumante, pois a garrafa em questão, em que o bar se propõe a ser especialista, é outra, claro. Mas tudo bem. Faz calor nessa tarde ensolarada de domingo sem futebol. Vamos nessa.

O bar exibe em suas paredes fotos em montagem de artistas de cinema com marcas de cerveja. Tem também imagens do Rio antigo. Tudo em preto e branco. Em volta de um imponente balcão, no canto esquerdo de quem entra, há cadeiras altas, para solitários e bons observadores. No pequeno salão, eu e S. pegamos uma mesa na janela, de frente para a Bolívar, de um casal que acaba de sair.

Peço de cara uma cerveja Serra Malte e uma porção de polenta. A ótima cerveja Serra Malte poderia estar um pouco mais gelada. Outras marcas no cardápio: Bohemia, Quilmes, Stella Artois, Beck´s, Original, Leffe, Norteña, Franziskaner. Alguns outros acepipes: moela marinada, espetinhos (mix de frutos do mar, frango com gengibre), costelinha de porco com molho barbecue, pastéis (salmão defumado com brócolis, peito de peru com ricota, carne seca com catupiry). A polenta veio ok.

Mas eis que é chegada a hora de entrar no capítulo espumante. A casa oferece o drinque Kir Royal, com espumante e licor de cassis. A R$ 18 reais cada taça. S. resolve experimentar, mas veio quente. Pergunto ao garçom quanto seria logo a garrafa do espumante (que não consta do cardápio). Apesar do preço alto, ainda valeu a pena o negócio. Em alguns minutos, estava encostado na minha mesa um carrinho com um balde com muito gelo e uma garrafa de Chandon Reserve Brut (perdão, Lalas.)

Quando pensei que tudo seria romance, e eu, um rei de Copacabana, chega ao bar um trio espantosamente nuvem-negra para se aboletar próximo ao meu ex-futuro reino. Uma amiga e um casal de jovens sem noção. Arrogantes, falam alto, se acham, riem como hienas. “Faz um are-rê”, grita a esposa para o marido ao seu lado. Este levanta os dois braços e os agita para chamar o garçom. “Este copo está sujo de batom e, como você pode ver, aqui ninguém usa batom.” A amiga, enquanto isso, combina pelo celular um karaokê mais tarde com a galera. Haja animação.

Antes que ficasse totalmente descrente da raça humana, achei melhor pedir uma porção de lula grelhada com molho tártaro. Veio divina (atente para o fato de que é grelhada e não frita). O molho tártaro merece menção especial: veio delicado, saboroso, e não aquela bomba atômica de sempre. Voltou a esperança. Um brinde, um gole, um beijo. Deu até para sentir um breve clarão de felicidade. Saúde e até a próxima.

Boteco da Garrafa – Rua Bolívar, 27, Copacabana (2255-1680)

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