DE BAR EM BAR - Estação Baião de Dois
Dessa vez, amigo leitor, fui a um bar na sucursal do Nordeste que temos ali depois do túnel, no começo da Linha Vermelha, quebrando à direita. Cá estamos na tradicional feira de São Cristóvão. Filho de uma piauiense (com mineiro) que sou, sinto-me em casa entre zabumbas, sanfonas e chapéus de couro. Caruru, bobó, biju, xinxim de galhinha... Ó, xente!
Mas para falar a verdade, esse é um lugar tanto para emigrados que vieram trabalhar aqui (os nossos queridos paraíbas) quanto cariocas e turistas em geral – para quem tem intimidade ou não com a cultura nordestina. Poderia estar melhor cuidado o local? Poderia. Mas dá para se divertir.
Às seis da tarde de um sábado, faz um calor dos infernos por entre as vielas, cheias de pequenos bares, cada um com seu respectivo som a todo volume. (Fora o show que rola num palco no centro da feira.) É a maior balbúrdia, quase uma agressão sonora, mas não vi uma briga, uma confusão. Beleza.
Escolhi o Estação Baião de Dois para sentar pouso. Além do ar condicionado, é amplo e dá para observar bem o que se passa tanto no salão quanto na passarela que se forma lá fora. Me lembra até a rua das pedras de Búzios ambientada num sertão cinematográfico, se é que dá para me entender.
Peço logo um chope e uma porção de patinhas de caranguejo à vinagrete. Outras opções de petiscos: queijo coalho com melaço de cana, casquinha de siri, acarajé, bolinho de rã. Entre os pratos, a casa oferece galinha caipira ao molho pardo, sarapatel, buchada de bode, galo da feira e vaca atolada com pirão e arroz. As patinhas vieram ótimas. Só achei a porção um pouco pequena para o preço (R$ 35). Ainda mais se levando em conta que as porções dos pratos são bem fartas.
Mas (quase) tudo certo. Já que estamos aqui o melhor é curtir. Então vêm em série acarajé, caldinho e casquinha de siri. Cada um mais gostoso que o outro. Ah, sim, o chope, servido em caneca, é bem tirado e geladíssimo. Então peço mais um, enquanto observo a decoração da casa: o enorme salão, em branco e verde, possui quadros de praias nordestinas pelas paredes. Em volta delas, há cajueiros cenográficos com frutas de plástico pendurados. No centro do salão, abóboras e cana-de-açúcar.
Olho para o meu vizinho do lado. É um senhor careca, que parece o escritor inglês Nick Hornby (autor de Alta fidelidade e Um grande garoto que viraram filmes de sucesso). Ele está com a esposa. Bebem uma cachacinha, passam para o chope e depois arrematam com uma carne de sol e aipim frito. O verdadeiro, o inglês, além de ótimo escritor, é um cara que adora futebol e música. Grande Nick.
O Nick de São Cristóvão e sua esposa falam sobre o vestibular do filho e escolha de profissão. Fazer escolhas pode ser um drama. (Às vezes é difícil optar entre um caldinho de camarão e um de feijão-de-corda, o que dirá escolher uma profissão para a vida toda.) Mas, no meu caso, fiz bem vir em vir ao Estação Baião de Dois. Fica para uma outra oportunidade a visita a um boteco carioca do Nordeste mais profundo. Saúde e até a próxima.
Estação Baião de Dois – Av. Nordeste, lj 46, Feira de São Cristóvão (3860-3296)
sexta-feira, 2 de abril de 2010
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