quinta-feira, 24 de março de 2011

Uma ilha de edição...

“A memória acredita antes que o conhecimento recorde. Acredita mais tempo do que recorda, mais do que o conhecimento pode imaginar. Conhece, recorda, acredita num corredor metido num grande edifício truncado, frio e cheio de ecos, construído de tijolo vermelho, escuro, tisnado por mais chaminés do que as suas próprias, situado entre fábricas fumarentas, num recinto sem ervas e coberto de cinza, rodeado como se fosse uma penitenciária ou um jardim zoológico, por uma cerca de ferro e arame de três metros de altura, onde, em ondas intermitentes, trajando uniformes azuis do mesmo pano, num pipilar de pardais os órfãos entram e saem; entram na recordação e saem, mas no conhecimento permanecem tão constantes como as paredes lúgubres, as lúgubres janelas onde, sobre a fuligem das chaminés, cujo número aumenta todos os anos, a chuva traça riscos que parecem lágrimas negras.” (William Faulkner, Luz em agosto)

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