sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Três (ou mais) brindes a Juliana

DE BAR EM BAR - Bar Central da Ponte


Mal nos sentamos sob a marquise, o rapaz avisou:

- Tá gelada, mas só tem três.

Referia-se à pedida Brahma Extra. (Mas como assim? Eu e meu amigo por acaso temos escrito na testa: “Vou tomar todas!” ou “Pé-de-cana”?) De qualquer forma, o atendente, como se mostrou depois, foi atencioso com o freguês. E nós, a bem da verdade, passamos das três, fácil.

Fui ao bar dessa vez com o amigo Humberto Effe. Nós tínhamos combinado de tomar uma cerveja, após a gravação do seu programa na rádio Roquette Pinto, Sangue novo, do qual fui o convidado. Trata-se de um espaço valoroso numa rádio que vem se renovando. Levei os discos Canduras, de Qinho, um jovem talento carioca, e o recém-lançado Labirinto vertical, de Sérgio Serra, virtuoso guitarrista que tocou no Ultraje a Rigor e também com Lobão, Barão Vermelho e Cássia Eller. Serginho lançou um disco solo surpreendente, com boa poesia e ecos de MPB.

Inicialmente iríamos a um bar no Centro, perto da rádio. Mas como a sua filha Juliana estava prestes a nascer, Humberto pediu-me para irmos a um bar perto de sua casa – e perto de sua mulher Tininha, para estar pronto para qualquer eventualidade. Pedido que era, portanto, uma ordem inquestionável, das mais agradáveis de cumprir. Por isso, cá estamos no Bar Central da Ponte, na rua Jardim Botânico, quase em frente à vila onde ele mora.

Sobre o curioso nome do estabelecimento (“Central da Ponte”), como diria o jornalista e escritor Otto Lara Resende, cuja estátua fica num larguinho defronte ao bar (virando-se para a rua Pacheco Leão e o Jardim Botânico): “Sei alguns minutos de alguns assuntos. E não sei nada.” Confesso que não consigo ver a ligação do nome com o local. Mas isso não importa. O que vale é que o boteco é um pé-sujo dos melhores. (Ainda que tenha um banheiro igual ao da maioria.)

Sentamo-nos numa das mesinhas de madeira e toalha verde entre a estátua de Otto e os engradados na porta do bar. (Há bares temáticos, ou pé-limpos, que utilizam engradados como cenário; aqui é a vida real mesmo.) A cerveja veio geladíssima, fundamental no verão cada vez mais sufocante do nosso planetinha superaquecido. Além da Brahma Extra, a casa oferece Antarctica, Skol, Brahma, Itaipava e Bohemia. Para beliscar, há porções de pernil, queijo minas, salaminho e contrafilé. Pedimos a de queijo-de-minas, que veio excelente. Tanto que repetimos a dose, para acompanhar a cerveja, que passou a ser Bohemia. Entre os pratos, carne assada, rabada e mocotó.

Eu e Humberto conversamos sobre diversas coisas. O cantor e compositor do grupo Picassos Falsos é daqueles que têm a inteligência atenta aos detalhes. Falamos sobre a minissérie Dalva e Herivelto (“Herivelto não era aquele crápula que mostraram”), sobre o sambista Ismael Silva, sobre parceria (e o dia em que fomos à Vila Mimosa para conferir a verossimilhança de Vou à Vila, uma composição nossa, ainda inédita) e, claro, sobre filhos. Aliás, esta coluna publicada hoje quando Juliana já está bem aqui, neste mundo vasto mundo, é dedicada a ela. Saúde e até a próxima.

Bar Central da Ponte – Rua Jardim Botânico, 758, Jardim Botânico (2294-4295)

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