DE BAR EM BAR - Adega do Pimenta
Tenho sido um pouco relapso com alguns de meus bons amigos. Além da vida itinerante de bar em bar, ando mergulhado na criação de uma história para um segundo romance. Sei, claro, que a eterna falta de tempo não é uma condição exclusivamente minha. E por mais que a correria cotidiana seja um fenômeno identificado com a contemporaneidade, isso também não vem de hoje. Vejamos, por exemplo, o que dizia, há 150 anos, Tolstoi em sua monumental obra Guerra e Paz:
"À noite, ao chegar em casa, anotava as quatro ou cinco visitas ou encontros obrigatórios de hora marcada. O mecanismo da vida, a melhor maneira de dispor do tempo, absorviam a maior parte de sua energia. Não fazia nada, não pensava em nada e nunca tinha tempo."
Então, depois de ter furado vergonhosamente alguns encontros, fui dessa vez com meu amigo e consultor para bares no Centro e adjacências, Marcos André Góes, o vulgo Dudu, à Adega do Pimenta. Portanto numa terça-feira dessas pegamos o bondinho e subimos para Santa Teresa. Não é novidade para ninguém que o calor anda infernal. Mas me surpreendi com a temperatura de sauna às 19 horas, até no bucólico bairro.
A Adega estava vazia. Ou melhor, tinha apenas uma mesa ocupada com uma menina de óculos que tomava uma cerveja long neck. (Depois apareceu um gringo para jantar.) Ficamos numa mesa encostada na parede, perto da porta da rua. O pequeno bar é simpaticamente decorado com bricabraques e referências etílicas, como canecas, garrafas, matérias emolduradas sobre a casa, pôsteres e até notas de dinheiro de várias partes do mundo.
Como chegamos esfomeados, junto com o primeiro chope pedimos logo dois croquetes de carne. Vieram ótimos, tanto o bem tirado chope da Brahma quanto os petiscos. Embora o nome da casa possa sugerir uma procedência portuguesa, a especialidade aqui é a cozinha alemã (“Pimenta”, me ensina o Dudu, vem de Pfeffer, o primeiro dono, um alemão).
Outras opções do cardápio: língua com aspargos, truta com molho de mostarda, rollmops e filé de arenque. E também os pratos: kassler, eisben, goulash, pato ou coelho assado e joelho defumado. Aos finais de semana é servida uma feijoada alemã (com feijão branco, kassler, salsicha branca, lombo, batata, cenoura e arroz). Além do chope claro, tem ainda o escuro e bebidas diversas como o clássico steinhager.
Estava tudo bem (inclusive o som ambiente perfeito) até pedirmos um salsichão defumado. Veio saboroso, porém excessivamente apimentado. Só então descobrimos que o ar condicionado não estava ligado e, como apenas os ventiladores da casa não davam vazão aos calores internos e externo, tivemos de fazer o pedido óbvio. Francamente.
Em seguida, escolhi um steak tartar (carne crua temperada). Mais uma vez não demos sorte – estava muito salgado. Dudu suava em bicas. Decidimos pedir a conta. Com uma certa tristeza, digo que a Adega do Pimenta dessa vez não foi bem aquilo que esperava. Mas não há de ser nada. A casa tem crédito: já estivera aqui antes e tudo saíra às mil maravilhas. Saúde e até a próxima.
Adega do Pimenta – Rua Almirante Alexandrino, 296, Santa Teresa (2242-4530)
sexta-feira, 5 de março de 2010
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